Dia 1 – sábado (03/08/2024)
Arrumamos nossas mochilas e saímos de Cascais no final da manhã rumo à Serra da Lousã. Queríamos um final de semana na natureza e o Parque Biológico da Serra da Lousã e as Aldeias de Xisto de Cerdeira e Talasnal estavam na minha wishlist, então quando decidimos que íamos viajar, achei que este roteiro seria uma boa escolha. Na estrada para lá, entrei no Booking para reservar o nosso hotel e fui à procura de restaurantes para o almoço antes da visita ao parque. Tudo bem de última hora e confesso que gostei e quero fazer mais vezes!
Almoço no Restaurante Museu da Chanfana
Escolhemos o Museu da Chanfana para provarmos as famosas Chanfanas, um prato típico da região que é uma espécie de guisado de carne de carneiro. Tanto o prato quanto o restaurante foram muito bem recomendados pelo casal do blog Vagamundos, que eu adoro, então reservei nossa mesa pelo The Fork sem pestanejar.
Quando chegamos no restaurante, fiquei surpresa com a quantidade de adesivos de premiações do Boa Cama Boa Mesa entre outros na porta do restaurante. Esses selos são sempre garantia de comida boa. 🙂
Pedimos couvert, sopa de casamento, 2 porções de chanfanas e vinho da casa e tudo estava delicioso. O garçom nos explicou que a sopa era um espécie de aproveitamento do molho da chanfana – eu já sabia porque havia lido a explicação neste site – e preciso dizer que a couve lombarda caiu muito bem na sopa. Eu e Celo adoramos, assim como o vinho da casa! As crianças só comeram as carnes das Chanfanas e felizmente gostaram também, mas os acompanhamentos de batatas cozidas e couve salteadas não fizeram muito sucesso não.
Visita ao Parque Biológico da Serra da Lousã
Saímos do restaurante satisfeitos e atravessamos um corredor até a bilheteria do Parque Biológico da Serra da Lousã. Compramos os ingressos para nós 4 do tipo bilhete família e também 1 saco de comida para os animais da fazenda e pagamos 44.50 euros.
Ganhamos um mapa bem explicativo impresso e seguimos o caminho sugerido de animais da quinta pedagógica e depois animais selvagens. Vimos na fazenda um burro, galinhas, porcos, pavão, coelhos, cavalos, patos e cabras e as crianças gostaram bastante de alimentar alguns deles, apesar de eles não estarem com tanta fome assim.
Atravessamos a ponte e fomos logo ver os ursos, porque era o que eles mais estavam curiosos. Vimos 2 ursos pardos no espaço reservado para eles e achei a situação toda bem triste. Seguimos andando vendo outros bichos, como corujas, gamos, bodes, tartarugas, javalis, lobos e fuinhas, mas as crianças rapidamente ficaram cansadas. Não sei se é porque o parque está numa encosta e tem, portanto, muita subida e descida, ou se porque estava um dia quente de verão, mas fato é que acho que eles não morreram de amores não. Talvez também sintam pena dos animais presos assim como nós.
Na descida dos animais selvagens, vimos o Hotel Parque Serra da Lousã, que parece bem agradável, vimos o ambiente de repteis fechado para obras e entramos no labirinto formado por árvores frutíferas que foi sucesso com toda a família. Fomos depois no museu, que tinha alguns itens antigos exibidos bem interessantes, e finalizamos a visita ao parque.
Achei-o muito bem organizado e mantido, e gostei de saber que a maioria dos animais que lá estão não poderiam voltar a viver por si só na Natureza por diversos motivos, então o parque acaba sendo um santuário para eles. Me lembrou o Jaguar Rescue Center que visitamos na Costa Rica!
Cerdeira
Depois de quase 7 mil passos dados – conferidos no meu smart watch – sentamos aliviados no carro com ar condicionado e pegamos estrada até a aldeia de xisto de Cerdeira, considerada pelo blog Vagamundos – olha eles de novo aqui! – a mais encantadora de todas da região. O hotel que eu reservei para as duas diárias dessa viagem ficava nesta aldeia e quando chegamos lá, foi amor à primeira vista. Estacionamos fora da aldeia, cruzamos a pé uma ponte com um riacho passando por baixo e uma fonte de água à esquerda, e entramos em um lugar que parece que parou no tempo. Todas as casas com suas pedras de xisto e charmes únicos, as ruas pavimentadas também com estas pedras e vasos de plantas, tudo extremamente impecável e ouso dizer mágico. Senti uma paz enorme ali dentro.
Descobri depois lendo o folheto do nosso alojamento que esta aldeia chegou a ficar abandonada por alguns anos na década de 70, até que uma senhora que estava fazendo uma trilha pela Serra a encontrou e se encantou. Ela e um casal de amigos alguns anos depois criaram um espaço voltado para arte e natureza, com uma pegada sustentável, e o projeto deu super certo e já ganhou diversos destaques.
Nossa Hospedagem em Cerdeira
Nós ficamos hospedados no Cerdeira Home for Creativity (nota 9.2 / 246 euros para as duas noites com café da manhã em cima da hora no verão). Se você entrar no site oficial deles, acho que você vai conseguir sentir um pouco a vibe e entender o motivo deste este lugar ser tão especial.
Nós fizemos o checkin na loja que fica embaixo do Café da Videira – e tudo faz parte do mesmo projeto – e fomos bem recepcionados pelo Tiago, que nos levou até a nossa Casa do Sol. Infelizmente ela não tinha uma varanda com vista desafogada para o vale como a casa da frente tinha, mas era super cosy e tinha uma varandinha no segundo andar que era bem agradável. Algumas fotos:
Deixamos as nossas coisas na casa e fomos jantar no Café da aldeia. Pedimos sandes de queijo e presunto, uma tábua de queijos, sopa e sumos e fechamos o dia felizes. Achei uma delícia comer em um lugar tão calmo e tão descomplicado que até repetimos no dia seguinte. Quando voltamos para casa, aproveitamos que ainda estava de dia e fomos com o jarro de bairro pegar água da fonte da aldeia, algo recomendado pelo Tiago. Bateu medo no início de beber água direto da fonte, mas depois que provamos e achamos mais gostosa do que a água engarrafada, seguimos só bebendo ela – e estamos super bem!
Fechamos o dia super bem em nossa casinha aconchegante.
Dia 2 – domingo (04/08/2024)
Acordamos cedo com os pirralhinhos e quando deu 8h30, saímos para tomar café da manhã no Café da Videira. Achei bem completo com pães, bolo, ovos, queijos, frutas, iogurtes e bebidas e como só tinha a gente no primeiro horário, pegamos uma mesa gostosa do lado de fora e nos deliciamos.
Passeamos depois sem pressa pela aldeia, visitando novamente a fonte, o riacho e indo até a casa de artes lá embaixo da aldeia. O que achei muito legal é que não entra carro ali, então as crianças puderam andar livremente sem ficarmos tão preocupados, sabe? Claro que sempre ficávamos de olho se elas iam cair nos degraus, na ponte da fonte ou na ribanceira, mas senti uma liberdade deliciosa ao não ver carros. Recomendo demais para quem tem crianças exploradoras! Olha só que graça:
Assim que percorremos tudo, decidimos sair da aldeia para explorar a região e a nossa primeira parada foi a 18 minutos de carro dali, no Castelo da Lousã.
Praia Fluvial da Senhora da Piedade
Estacionamos o carro bem em frente ao castelo e como estávamos ansiosos para dar um mergulho na praia fluvial, acabamos apenas olhando-o por fora. Descemos alguns degraus e chegamos até a Praia Fluvial da Senhora da Piedade, que havia sido recomendada pelo nosso anfitrião do dia anterior. Que lugar agradável e excitante!
Ficamos todos animados com o que vimos, principalmente quando percebemos que havia áreas bem rasas para as crianças e áreas mais fundas para quem quer ficar com água até o meio do corpo ou então mergulhar sem medo. Encontrei logo as casas de banho, que por sinal eram bem arrumadinhas, e um café onde pensei logo em almoçarmos, já que o restaurante “O Burgo” que fica em cima da praia estava fechado.
Nós colocamos as nossas coisas em um canto na sombra e entramos na água para aproveitar. Felizmente a água não estava tão fria quanto o mar de Cascais, mas não chegava a ser muito agradável não. Penamos um pouco para ficar dentro da água mas quando nos acostumamos, foi difícil sair. Paddy e Celo decidiram dar mergulhos na parte funda da piscina e eu e Juju ficamos no raso sem complicar nossas vidas. Achei maravilhoso que o chão não é de areia e sim concreto e que não há peixes ali porque há barragens antes que os impedem de passar para a área de lazer. Sim, detesto peixes e outros bichos dentro da água onde eu estou mergulhando, principalmente se a água é um pouco escura…rs
Quando a fome bateu, Celo e Paddy foram pegar burgers e sucos para nós no café e comemos no estilo picnic do lado da piscina rasa. Todos adoramos os hamburgers! Ficamos mais um tempo ali para digerir e aproveitar o dia de sol delicioso e depois o Celo subiu para buscar o carro e nos pegar ali embaixo.
As crianças capotaram no carro em menos de 10 minutos de passeio e nós pudemos passear tranquilos pelos pontos turísticos de nosso interesse – a moldura “Isto é Lousã”, a aldeia de xisto Chiqueiro e o miradouro “Isto é Lousã”- sem precisar acordá-los.
Moldura “Isto é Lousã”
Paramos primeiro na Moldura “Isto é Lousã” recomendada pelo blog Vagamundos mas confesso que fiquei decepcionada. A moldura está mal conservada, o ambiente ao redor não tem nenhum charme e a vista está comprometida com árvores altas bem na frente.
Para compensar esta decepção, a estrada logo em seguida ficou espetacular com um bosque lindo e tudo ficou bem! Olha só isso:
Aldeia de Xisto Chiqueiro
Vimos uma placa da aldeia de xisto Chiqueiro na estrada e demos uma paradinha rápida para eu descer e ver como ela era. Fofa também, mas bem pequena e com algumas casas em obras, o que achei interessante, porque deu para ver como são feitas por dentro. Olha só:
Miradouro “Isto é Lousã”
Depois seguimos na estrada para ver o miradouro com as letras de Lousã e como o Celo achou o espaço para estacionamento bem ruim para carro que não é 4×4, paramos no acostamento da estrada mesmo. Este lugar já é mais bem cuidado e a vista também é um pouco melhor. Olha:
Baloiço de Trevim
Dirigimos mais um pouco até o Baloiço de Trevim, que tinha sido recomendado ao pôr-do-sol, mas que acabou sendo naquele momento por praticidade mesmo. Fomos primeiro sem as crianças experimentá-lo e wow!! É mesmo muito alto e quando a gente se balança dá um friozinho da barriga por causa da vista desafogada. Ficamos com o feeling de que íamos vamos voar! Muito, muito maneiro.
Fiz questão de voltar até o carro e acordar os dois pequenos para eles aproveitarem o balanço também. Jubs foi serelepe e feliz e Paddy foi reclamando porque queria ter dormido mais. Essas crianças de hoje em dia….rs
No final todos adoramos a experiência e achamos que valeu a pena a parada.
Talasnal
Seguimos depois para a Aldeia de Xisto Talasnal, que também é famosa na região por suas vistas da natureza, culinária portuguesa de qualidade e casinhas charmosas com flores. Nós passeamos por todos os cantinhos, brincamos com a fonte de água e os seus caminhos – meus filhos amam qualquer coisa com água, principalmente o Paddy – e depois fomos à procura de um bom restaurante para jantar, mas não encontramos nada com boas avaliações. Acabamos indo no Bar O Curral por ter uma vista linda e estar vazio, e pedimos chouriço e bifanas, pratos bem tradicionais portugueses. Tudo gostoso, mas não muito saudável, né? Não tinha muita opção também…rs
Dica: Se quiser comer em um restaurante bom nesta aldeia, veja o Ti Lena que parece ser o melhor de Talasnal. Achei uma pena ele não estar aberto no dia que fomos (domingo).
Candal
No caminho entre Talasnal e nosso alojamento em Cerdeira, paramos na frente da Aldeia de Xisto de Candal, que fica mesmo na estrada, e demos uma “vista de olhos”, como dizem por aqui. Como as crianças estavam cansadas, achamos melhor não descermos para explorar as ruelas íngremes, mas a minha sogra já foi lá e achou-a bem interessante.
Raposa em Cerdeira
Voltamos para nossa aldeia e ao pararmos o carro no estacionamento, nos deparamos com uma raposa curiosa. Bateu medo no início, mas depois que percebemos que ela era calminha, nós começamos a ir atrás dela para vê-la mais de perto. Uma fofa!
Brincamos um pouco jogando pedras e folhas no riacho e seguimos para o Café da Videira para fazermos um lanche mais saudável antes de irmos dormir. Pedimos bruschettas, sopa e granola com iogurte e tivemos a visita da raposa ali dentro da aldeia. Que animação que foi! Comemos tranquilos e depois fomos descansar na nossa casinha. Deu para curtir um pouco o pôr-do-sol da nossa mini varanda lateral do segundo andar e fiquei imaginando como deve ser ficar na casa que tem a varanda frontal com vista desafogada. Quem sabe um dia a gente não volte e fique lá, né? 🙂
Dia 3 – segunda-feira (05/08/2024)
Acordamos sem pressa, arrumamos nossas coisas e fomos tomar nosso café da manhã às 8h30 no Café da Videira. A raposa apareceu novamente e ficamos bem animados de novo!
Como o Celo tinha que voltar para casa para trabalhar, brincamos só um pouco jogando pedras no riacho, enchemos nossas garrafas de plástico na fonte e fizemos o checkout sem stress. Pegamos estrada com as crianças acordadas e depois de algum tempo de estrada, tivemos que parar em um posto Colibri para dar uma esticada nas pernas e comprar uns lanches melhores.
Chegamos em Cascais na hora do almoço, afinal foram quase 2h30 de estrada, e os miúdos ficaram eufóricos ao ver seus brinquedos que não viam por 2 dias.
Nada como voltar para casa renovados! 🙂